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PortuguêsUso da vírgula


EXERCÍCIOS - Exercício 14

  • (VUNESP 2018)

Leia o texto para responder a questão.

O padeiro

Levanto cedo, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido” – uma greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o quê do governo.
Está bem. E enquanto tomo meu café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:
– Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?
“Então você não é ninguém?”
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém...
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu preferi não o deter para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal – e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou um artigo em meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”
E assobiava pelas escadas.
(Rubem Braga. Para gostar de ler . Vol. 1 – crônicas. São Paulo: Ática, 1979. Adaptado)

Assinale a alternativa em que o acréscimo das vírgulas na frase está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.


A) Muitas vezes lhe acontecera, bater a campainha de uma casa, e ser atendido por uma empregada...

B) No mesmo instante me lembro, de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera, sobre a “greve do pão dormido”…

C) ... e dentro do meu coração eu recebi, a lição de humildade daquele homem, entre todos útil e entre todos alegre...

D) E, enquanto tomo meu café, vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente.

E) ... acham que obrigando, o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido, conseguirão não sei bem o quê do governo.


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